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Porque o deus cristão está certo ?

Atualizado: 15 de ago. de 2019

Nesse post debateremos sobre a possibilidade de entre tantos deuses apenas o cristão ser o verdadeiro .


Um dos grandes problemas com o cristianismo, e teísmo em geral, é a total ausência de provas da existência de um deus. Ou seja o cristianismo assim como outras formas de teísmo fundamenta toda sua crença em algo que simplesmente nunca foi provado. No entanto um problema igualmente pertinente é que mesmo que possa existir um deus, nada garante que seja o deus específico que o cristão acredita. Quem estuda um pouco de antropologia sabe a tendência natural dos seres humanos de criar explicações para o desconhecido com o objetivo de sentir que está no controle da situação, e essa ser feita na maioria das vezes com uma divindade. Assim ao longo da história humana já tivemos deuses da chuva, dos trovões, da morte, e por aí vai, todos eles sendo devidamente substituídos quando compreendemos melhor a natureza ao nosso redor e seu funcionamento. Deuses também foram usados como forma de coesão social e como apoio emocional pelas sociedades ao longo da história. Até onde se sabe todas sociedades na história, menos uma específica da tribo amazônica, tem uma crença em alguma divindade, o que dá mais de 6 mil deuses possíveis. Quem garante que o deus cristão é o correto que realmente existe? Quem garante que o deus cristão não seria só mais uma dessas fantasias humanas com o objetivo de explicar o que não conseguem e manter a coesão social? Obviamente essa pergunta já foi feita para os cristãos antes e eles trataram de tentar responde-la. Nesse post irei rebate-las.


O argumento começa descartando os deuses politeístas, isso baseado em uma citação de São Tomás de Aquino que diz que deus (caso exista) deva ser a entidade suprema e perfeita. Caso existam vários deuses para que esses sejam considerados seres diferentes eles devem ter algo diferente, algo que diferenciem. Uma vez com eles tendo características diferentes implica que a qualidade que tem em um vai faltar no outro. Assim, seria impossível existir dois ou mais deuses perfeitos por exemplo. Esse argumento não faz o menor sentido. Na verdade ele está errado em tantos níveis que nem sei por onde começar.


Primeiramente não me parece nada ilógico existir dois seres supremos de igual equivalência. Pensando por exemplo na qualidade de perfeição, no sentido moral, o que impede por exemplo de existir dois seres moralmente perfeitos? Onde a perfeição de um interfere na do outro? Onde um deles ser atemporal impede o outro de ser atemporal? Eles podem ter outras características que o diferenciem que não seja a específica que o classifica como deus. Como consciência diferente, eles podem ser os dois atemporais mas ter consciência diferentes. O máximo que talvez interfira seria caso eles tivessem a característica onipotência, pois aí sim caso algum deles queira fazer algo, transformar uma pedra em um dinossauro por exemplo, e o outro deus quisesse transformar a mesma pedra em um tomate, a vontade dos dois ao mesmo tempo não poderia acontecer, a vontade de um iria de encontro com a do outro. Em tese ainda sim poderia existir dois deuses com essas características, bastando eles não entrarem em conflito. Inclusive é de esperar que os dois sendo moralmente perfeitos não entrassem, pois sendo a moral objetiva segundo os cristãos, e os dois deuses sendo o ápice da moralidade perfeita provavelmente ambos iam ter o mesmo entendimento sobre o que é melhor fazer em cada situação e concordassem em tudo.


Mas mesmo aceitando esse problema podemos excluir a possibilidade de existência de dois deuses com a característica de supremos somente nessa característica, em todos as outras seria totalmente possível existir dois deuses. O problema é que, como já mostrado no post "Deus existe?", esse tipo de paradoxo envolvendo onipotência não seria resolvido nem caso existisse só um deus onipotente. Basta lembrar do paradoxo da pedra, se ele é onipotente poderia criar uma pedra que não poderia carregar? Se puder então ele não é onipotente por não poder levantar e se não puder não é onipotente por não poder criar. Não só esse problema mas vários outros impedem a existência de um ser onipotente, a verdade é que a onipotência é logicamente impossível e gera uma série de problemas de narrativas. Isso nos leva ao próximo questionamento.


Quem disse que para existir vários deuses necessariamente todos tem que serem onipotentes? Na verdade considerando que a regressão infinita não é resolvida com a existência de apenas um deus, não há impedimento algum para existir vários deuses desde que eles não sejam onipotentes, como era por exemplo os deus da mitologia grega e romana. Não sabe porque a regressão infinita não é resolvida com a existência de um só deus? Bem, isso já foi explicado no post refutando as 5 vias do próprio São Tomás de Aquino, mas resumindo seria o seguinte:


Uma objeção comum a sempre existência do universo, ou nesse caso a não existência de um ser supremo, é alegar que uma vez que os acontecimentos do universo são em sequência todos dependeriam de uma causa primeira para ocorrer. Assim se não houver uma causa primeira não tem como haver uma causa segunda e provavelmente não teríamos a causa que gerou o momento de agora. A esse problema damos o nome de regressão infinita. Como o agora existe então deveríamos ter a causa primeira que para os cristãos deveria ser o deus eles. Mas se ,seja lá quem formulou esse argumento, tivesse prestado atenção perceberia que esse questionamento pode ser aplicado a existência de um deus único e supremo também.  Imagine deus no ato de criar o universo, para ele criar o universo ele deveria sair do ponto do que ele estava fazendo antes  de criar para passar a criar. Tal como antes disso ele deveria sair do que estava fazendo antes do que estava fazendo antes de criar o universo e aí por diante até o looping infinito. Pra piorar devemos lembrar que não existiria tempo para isso, como ele pode fazer uma sequência de acontecimentos se não existe tempo? Das duas uma: Ou isso é impossível e fica claro que um único deus não resolve o problema da regressão infinita, ou devemos entender que não houve sequência de acontecimentos e deus esteve sempre criando o universo durante toda sua existência, não fazendo mais nada da vida a não ser isso. O problema com a segunda afirmativa é que como sabemos o início do universo não é eterno, o que impossibilitaria esse deus de ser eterno já que toda sua existência está condicionada ao inicio do universo.

Com esse fato devidamente esclarecido vamos continuar a refutação. Como eu dizia não há nada que demonstre que para existir vários deuses necessariamente todos tem que ser onipotentes, e como a maioria das religiões politeístas não se baseia nisso, não há nada que as torne impossíveis. A mitologia grega por exemplo, fala dos titãs que são os seres supremos mais fortes que todos os outros deuses, Zeus deus do trovão, Afrodite deusa do amor e vários outros. É claro que se formos criteriosos em analisar as narrativas da mitologia grega descobriremos que ela também está cheia de falhas que comprometem sua veracidade, tal como todas narrativas teístas, mas o objetivo aqui não é provar que elas estão certas mas mostrar que do ponto de vista filosófico não há nada que impeça o politeísmo. Repare que isso independe de existir ou não um deus supremo, onipotente e onisciente. Se existe um deus supremo e deuses mais fracos que ele que não sejam onipotentes, o deus supremo pode ter criado todo o espaço tempo, mas se não existe um supremo, havendo apenas um monte de deuses poderosos mas não onipotentes, o suposto problema de como surgiu o espaço tempo, caso algum cristão vá alegar isso, pode ser resolvido com todos os deuses sendo atemporais e eles tendo se unido para criar o universo. Inclusive é mais ou menos isso que prega a mitologia grega. Então o argumento falha duas vezes, uma em não explicar porque da impossibilidade de existir dois deuses supremos e outra o que impede de existir deuses mais fracos e mais fortes que outros.


Só por aí já percebemos que o argumento começa errado, mas vamos avançar implicando que de algum modo ele esteja correto. A sequência do argumento se baseia no argumento cosmológico, ou basicamente o argumento da causa primeira. Para os cristãos o universo tem que ter uma causa e como já estaria comprovado que esse teve um começo, o que inclui espaço tempo, a causa para o universo só poderia ser um ser auto-existente, atemporal, não espacial e imaterial, logo o deus que eles acreditam. Esse argumento é inválido e isso já foi mostrado também no post refutando as 5 vias de são Tomás de Aquino. Aqui o objetivo não é mostrar os erros mas mostrar que tais argumentos não provam que o deus cristão é o verdadeiro. Assim nesse momento podemos entender que a prova que o deus cristão é o certo é que ele atenderia aos critérios de ser único, monoteísta, e ser atemporal, transcendental e imaterial. Sabendo disso, basta existir UM outro deus de outra religião com as mesmas características e já não dá mais pra saber qual deus é o certo. E isso é o que não falta.


A começar pelos dois mais clássicos: Judaísmo e Islamismo. Na verdade em tese o deus é o mesmo dos três, só mudando o profeta principal de cada um, sendo Moisés para os judeus, Jesus para os cristãos e Maomé para os muçulmanos. O problema aqui é, quem garante que o cristão está adorando o mesmo deus da forma correta? As tradições e formas de ver o mundo de cada um são completamente diferentes. Assim dá pra perguntar sim ao cristão quem garante que ele está correto e não os judeus ou os muçulmanos.


Além das três temos uma série de outras religiões com deuses parecidos. Como por exemplo o hinduísmo, que acreditam somente em um deus supremo, chamado de Brahman, considerado um espírito supremo que permeia tudo mas que pode se manifestar de formas diferentes. Curiosamente a ideia de um ser supremo a tudo, inclusive ao espaço tempo, também está presente no hinduísmo. Para eles tudo no universo é parte de Brahman e ele também representa muito mais que a soma de tudo que existe no universo. Exatamente as mesmas características do deus cristão. Os Alakaluf na Argentina antes da colonização também tinham a noção de um deus único, supremo e criador de tudo chamado Xolas. Ainda na Argentina pré colonização os Selknam também tinham um deus supremo atemporal e criador de tudo chamado Tamaukel. Povos primitivos do atual Chile como os Araucanos também tinham a noção de um ser único e supremo, todo poderoso chamado Ngenechen. Ainda na América do Sul pré colonização, os botocudos no Brasil acreditavam também em uma única divindade suprema chamada Yekánkren Yirugn. Na verdade existem uma infinidade de povos latinos americanos pré colonização que se identifica uma divindade suprema monoteísta semelhante aos critérios apresentados pelos cristãos nesse ponto. E aí? Qual deus é verdadeiro? O cristão, o hindu, algum dos povos latinos americanos antes da colonização? Qual doutrina do mesmo deus etá correta, a judaica, cristã ou muçulmana?


Todos questionamentos aplicados sobre o argumento cosmológico também valem para o argumento teleológico. Pra quem não sabe o argumento teleológico nada mais é que o argumento do ajuste fino, que diz que a forma milimétrica como o universo está disposto torna necessário que uma mente por trás tenha planejado e criado tudo. Para todos os povos que citei, também acreditam que deus criou o universo em toda sua complexidade. Por vezes, cristãos também se apegam ao argumento moral para tentar provar que seu deus é o verdadeiro. O que eles estão querendo dizer com isso? Que a moral cristã seria superior as outras por algum motivo? Seria necessário maior explicação dessa parte para poder fazer uma refutação a esse argumento, como não há maiores explicações disso não há muito o que rebater a não ser lembrar que a moral é subjetiva e também não prova nada.


Vamos então para o último argumento: as evidências sobre Jesus Cristo. Que Jesus de fato foi uma pessoa real já sabemos, a maioria dos ateus não nega isso, tal como Maomé foi uma pessoa real, Buda foi uma pessoa real, Zaratustra foi uma pessoa real, etc... O problema é provar que ele seria o Jesus místico, que anda sobre as águas, transforma água em vinho e o mais importante: que ressuscitou. Para os cristãos existem 10 fontes extra Bíblicas que confirmam que Jesus ressuscitou. Será mesmo? Quando vi o número até relativamente considerável de supostas fontes extra bíblicas que provariam a ressurreição de Jesus achei no mínimo estranho, porque supostamente com tantas fontes ainda sim a ressurreição de Jesus não é considerada um fato entre os historiadores e especialistas? Minha suspeita era de que os cristãos misturam relatos que apenas comprovam Jesus como uma pessoa real com relatos que supostamente comprovam sua ressurreição, sem especificar qual comprova o que para assim engordar as referências e passar a falsa ideia que a ressurreição de Jesus está bem documentada. Bastaram 10 minutos conferindo as fontes e minhas suspeitas foram confirmadas, sendo que ,como veremos, por vezes eles também misturam fontes que não provam nem um nem outro. Vamos analisar 10 fontes mais citadas por cristãos e ver uma a uma quem comprova o que.


1- Flávio Josefo

Primeiro que mesmo que o trecho de Josefo fosse verdadeiro e não adulterado ainda tem o problema de Josefo não ser contemporâneo de Jesus. Quando ele escreveu o trecho vários evangelhos já estavam em circulação como Mateus (escrito entre 70-100) , Lucas (80-100) , Marcos (65-73) e João (90-110). Ou seja Josefo pode ter usado os evangelhos como fonte o que acabaria com sua independência. Alguns estudos inclusive mostram que Josefo pode ter se baseado no evangelho de Lucas como fonte. Mas o problema maior é que há várias evidências que ele foi falsificado. Antes de ver quais são vamos dar uma olhada no próprio:


“Havia neste tempo Jesus, um homem sábio , se é lícito chamá-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram; porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje."


Agora sim vamos a as evidências de que ele provavelmente foi falsificado:


1º - Josefo era um judeu messiânico que acreditava que Vespasiano seria o messias e cumpriria a profecia da estrela. Porque ele diria : “se é lícito chamá-lo de homem” ou “ele era o cristo” se referindo a Jesus ? Para dizer isso ele deveria aceitar Jesus como filho de deus , messias, etc... Algo que judeus não o fazem. Além da pouca probabilidade disso ocorrer pela crença dele isso significaria ameaça a sua vida pois implicaria que Jesus seria um rei e não Vespasiano. Se ele cita que Cristo ressuscitou ele deveria ser cristão e abandonado Vespasiano e seguido os cristãos;


2º - No trecho : “E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram” ele claramente alivia a culpa de Pilatos , isenta Roma e joga a culpa sobre os judeus da morte de Jesus. O que é estranho para alguém que se refere a Pilatos quase o tempo todo como alguém tirano que não respeita os líderes e nem os costumes judeus. Não que Pilatos não pudesse ter seguido o que os judeus queriam naquele momento mas provavelmente ele narraria algo como : “Pilatos condenou Jesus a morte” . Combina mais com a narrativa de Josefo. Não faz sentido que alguém que constantemente ataca Pilatos livrar justamente ele da morte de Jesus e não acrescenta nada na história narrada. Mas faz sentido se pensarmos que o trecho é narrado do ponto de vista de alguém que conhece os evangelhos;


3º- Josefo viveu no século I, nessa época os cristãos ainda se consideravam judeus e não um grupo separado. Então o trecho : “E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje." indica adulteração já que nessa época eles se consideravam judeus seguidores de Jesus portanto é anacronismo chamar os seguidores de Jesus da época de cristãos. Esse trecho parece que foi escrito por alguém do século II quando os cristãos já se consideravam de grupo separado;


4º - O trecho aparece em um lugar muito estranho do texto completo de Josefo. Nessa parte eles falam das tragédias judaicas , se ele não era cristão a morte de um suposto falso profeta não teria relevância histórica para ser citado mas teria se fosse um cristão que escreveu essa parte;


5º- Se retiramos essa parte o texto flui normalmente, pois em nenhum momento posterior ele explica quem é esse Jesus ou cita porque é importante falar dele. Isso seria importante porque o público a qual ele escreve não é cristão mas sim de romanos que iam ler seus escritos. Isso faria sentido se fosse escrito por um cristão para cristãos , pois para esses Jesus dispensa apresentações;


6º - A primeira vez que esse trecho é citado foi por Eusébio de Cesareia no século IV. Ele recebeu seus escritos das antiguidades dos judeus ,onde estaria o relato de Josefo, da biblioteca de Orígenes. Orígenes escreveu o Contra Celso onde ele faz uma defesa do cristianismo contra o filósofo platônico Celso. Não se sabe muito o que Celso disse porque suas obras foram destruídas por serem consideradas hereges, mas aparentemente ele faz duras críticas aos judeus e cristãos. Orígenes argumenta ferozmente usando fontes históricas como Josefo que ele usa como referência para mostrar as evidências da existência de João Batista . Se Orígenes soubesse do Testemonium Flavianum ele esfregaria na cara de Celso pois isso seria um bom argumento pró cristianismo. Mas ele não diz uma palavra sobre isso, justamente o que seria o principal argumento. Depois de sua morte Orígenes deixou a biblioteca com esse texto para Eusébio. A essa altura o Testemonium Flavianum estaria com mais de 50 anos e provavelmente precisaria ser transcrito. Isso leva os historiadores a suspeitarem que Eusébio ao perceber a falta de evidências da ressurreição de Jesus teria colocado esse trecho até porque é ele que faz a primeira referência a esse trecho na história;


Assim com todas evidências, podemos concluir que o testemunho de Flávio Josefo não é uma evidência para a ressurreição de Jesus.


2- Tácito

Tácito foi um senador e historiador romano que escreveu em um de seus livros:

"Nero castigava com as piores torturas as pessoas chamadas cristãs, que eram odiadas. ‘Christus’, o fundador do nome foi condenado à morte por Pôncio Pilatos o procurador da Judeia no reino de Tibério; mas a superstição perniciosa, reprimida por algum tempo se espalhou outra vez, não só na região da Judeia onde se originou o assunto problema, mas também pela cidade de Roma. "


Como vemos não há nenhuma menção a ressurreição de Jesus, no máximo comprova sua existência como pessoa real e não como ser místico, algo bem aceito na academia em geral.


3- Plínio, o jovem


Plínio era um governador da Bitínia, onde hoje é a Turquia. O relato dele é uma carta ao Imperador Trajano, onde em dado momento ele disse isso se referindo a um grande número de cristãos que ele matou:


“Tinham o hábito de se reunir em dia determinado antes do amanhecer; cantavam um hino a Cristo, em estrofes alternadas, como se fosse a um deus, e faziam o juramento solene de não praticar o mal e nunca negar a verdade quando interpelados”


O interessante do relato dele é que não prova nem o Jesus histórico e tampouco o Jesus místico. Ele apenas relata o cotidiano dos cristãos da época e que eles acreditavam em Jesus como um deus. Isso não é novidade pra ninguém e tampouco prova alguma coisa. Nada impede que Jesus nunca tivesse existido e ainda sim pessoas acreditassem que ele existiu. Lembrando que não estou negando a existência de um Jesus histórico, apenas dizendo que esse relato em si não prova nada.


4- Flegon


Os textos originais de Flegon se perderam com o tempo, e a citação que supostamente comprovam a existência de Jesus na verdade são feitas por Julio Africano, um historiador cristão, e por Eusébio, um teólogo também cristão já mencionado na parte em que refutamos o trecho de Flavio Josefo. Só por aí o trecho já fica com credibilidade comprometida, mas ignorando isso a citação de Julio Africano é a seguinte:


"Relatos de Flégon que no tempo de Tibério César — durante a lua cheia — um eclipse total do Sol aconteceu, desde a hora sexta até a nona. Claramente este é o nosso eclipse! O que é comum sobre um terremoto, um eclipse, rochas dilaceradas, um aumento dos mortos, e tal movimento enorme cósmica? No mínimo, durante um longo período, nenhum destes eventos é lembrado. Mas era uma escuridão enviada por Deus. "


Além de não comprovar a ressurreição de Jesus o trecho ainda tem uma parte no mínimo estranha que talvez nos diga tudo que precisamos saber sobre ela, que é a parte em que ele diz que durante um longo período esses eventos não são lembrados. Ora, um evento como um eclipse acompanhado de terremotos na certa deveria ser lembrado por um bom período de tempo e mencionado por outras pessoas que viveram na época. É no mínimo estranho que outras pessoas não se lembrem. Já o relato de Orígenes também não menciona ressurreição de Jesus e se limita a descrever o suposto eclipse:


"Jesus Cristo sofreu a sua paixão no ano 18 de Tibério [32 E.C.]. Também nessa época, em outro compêndio grego encontramos um evento registrado com estas palavras: "o Sol foi eclipsado, Bitínia foi atingida por um terremoto, e na cidade de Nicéia, muitos prédios caíram." Todas estas coisas aconteceram para ocorrer durante a Paixão do Senhor. Na verdade, Flégon escreveu mais sobre esses eventos em seu livro 13 [das Olimpíadas], dizendo isto: "Agora, no quarto ano da Olimpíada 202 [32 E.C.], um grande eclipse do sol ocorreu em a hora sexta [meio-dia], que superou todos os outros antes dele, transformando o dia em trevas tal da noite que as estrelas podiam ser vistas no céu, e a terra se moveu na Bitínia, derrubando muitos edifícios na cidade de Nicéia."


A partir disso já poderíamos excluir o relato de Flegon como prova de alguma coisa, afinal supostamente ter ocorrido um eclipse no dia que Jesus morreu não prova que ele ressuscitou. Mas claro que algum cristão poderia alegar que tamanha coincidência não poderia ser fruto do acaso. Eclipses são eventos raros , qual a chance de um deles acontecer exatamente no dia que Jesus morreu? Bom, pra começar que eclipses solares, ou seja que o sol é tampado pela lua, são impossíveis de acontecer na época da páscoa pois é tempo de Lua cheia como você pode ver na figura abaixo:




Alguns estudos como o de Colin Humphreys mostram que o que provavelmente aconteceu no dia teria sido um eclipse lunar e não solar, e isso não ajuda nada na narrativa porque como fica evidente pela imagem o eclipse lunar só pode acontecer a noite e a crucificação de Jesus foi entre 12 horas e 15 da tarde. Segundo Colin foi exatamente isso que aconteceu, o eclipse lunar só começou a ser visto por volta das 18 horas. Mesmo que fosse possível não há nenhum registro de eclipse solar nesse dia, tanto que os estudos sérios que tentam trazer veracidade ao texto bíblico cogitam que, se é que tal escuridão aconteceu no momento da morte de Jesus, pode ter sido por uma tempestade de poeira e nem cogitam o eclipse.

Além do erro científico outro fato que impede tal relato de provar alguma coisa é a boa chance dele estar errado. Isso porque as datas da morte de Jesus, assim como vários outros fatos de sua vida, são muito controversas. Eusébio calculou a paixão de Cristo na 203ª Olimpíada, o que daria o ano 19 de Tibério, enquanto que Orígenes na 202ª o que daria o ano 18 de Tibério. As Olimpíadas ocorriam a cada 4 anos, então só nessa pequena confusão temos uma discrepância de 4 anos entre os ocorridos. Pra piorar ainda mais, Keppler posteriormente identificou que tal eclipse mencionado por Flegon na verdade ocorreu em 29 d.C, ou seja na 201ª Olimpíada, com uma diferença de 8 e 12 anos das datas da morte de Jesus. Pela cronologia correta, Jesus estaria iniciando suas pregações nessa época e não morrendo. Assim, sabendo o contexto que o relato de Flegon foi escrito e mais todos esses erros fica evidente que ele não prova nem a ressurreição e nem o que se dispõe a provar que é o suposto eclipse. Na verdade tal relato no máximo provaria a existência de Jesus como pessoa real. E mesmo assim não seria a melhor fonte a fazer isso, já que não há citação original, apenas cristãos citando Flegon (sendo um desses cristãos de credibilidade duvidosa, pra ser eufemista, por ter provavelmente adulterado um trecho de Josefo).


5- Talo


O problema do relato de Talo é o mesmo dos relatos de Flegon. Novamente temos alguém falando de um suposto eclipse no momento que Jesus morreu, algo já refutado no ponto anterior. Outro problema em comum entre Talo e Flegon é que ele também não tem o seu relato original preservado, ele é citado pelos mesmos caras que citaram Flegon: Julio Africano e Eusébio. Na verdade é estranho cristãos citarem Talo porque até um dos que o citou, Júlio Africano, percebe que ele não é uma fonte confiável. Aqui a citação:


" Talo, no terceiro dos livros que escreveu sobre a história , explica essa escuridão como um eclipse do Sol — o que me parece ilógico (é claro que é ilógico, pois um eclipse solar não poderia acontecer em época de lua cheia, e foi na época da lua cheia da Páscoa que Cristo morreu)."


Mais estranho ainda é Julio não estender o mesmo raciocínio ao relato de Flegon, já que esse falou da mesma coisa. Ainda sobre ele é interessante notar outros fatos sobre ele pra enterrar o relato dele como alguma prova do Jesus místico:


- Tal como o relato de Flegon, o relato de Talo além de não provar o eclipse não prova também a ressurreição de Jesus;

- Tal como o relato de Flegon não é nenhum absurdo dizer que ele não prova nem o Jesus histórico;

- Talo, segundo Teófilo, mencionou que Belos, rei dos Assírios, se aliou ao titã Chronos contra o levante de Zeus;

- Talo não estava no local, portanto, o relato dele é um relato secundário;

- Talo foi contemporâneo de Saulo de Tarso, mas esse não menciona nada sobre o suposto eclipse;


Com isso já podemos fechar o caixão de Talo e passar para próximo.


6- Suetônio


Seutônio foi um historiador romano que fez a seguinte menção:


“Como os judeus, por instigação de Chrestus, estivessem constantemente provocando distúrbios, ele os expulsou de Roma”


Existe uma discussão se "Chrestus" de fato significaria "Cristo" , mas analisando essa narrativa isso não importa muito. Vamos lá: O relato diz que o imperador Cláudio expulsou judeus de Roma porque eles ,instigados por Cristo, causaram distúrbios. O que isso prova? Absolutamente nada. A definição de instigar é "estimular, aliciar, incentivar, concitar, conduzir, desafiar", ou seja o relato nada faz mais do que dizer que os judeus seguidores de Jesus incentivados por ele, causaram distúrbios na cidade e por isso foram expulsos. Isso talvez só prove que Jesus foi uma pessoa real mas não o ser místico ou que sequer estava vivo nessa época. Até porque os próprios relatos dos cristãos indicam que na época que Seutônio viveu (69 – 141 d.C) Jesus já deveria ter voltado aos céus há muito tempo, pois esse havia ficado só 40 dias na terra após a ressurreição em 33d.C . Ou seja essa influência se deu na mesma medida que grandes pensadores continuam influenciando a sociedade mesmo após a sua morte, como Marx morto a mais de um século continua influenciando movimentos socialistas pelo mundo, Maomé morto há milênios continua influenciando muçulmanos até hoje, Buda morto continua influenciando vários budistas, etc....


7- Luciano


Luciano foi um satirista grego que segundo os cristãos escreveu:


“Os cristãos, você sabe, adoram um homem até hoje — a pessoa distinta que introduziu seus novos ritos e foi crucificada por causa disso”


Segundo os cristãos ele teria escrito isso em uma obra chamada "A morte do Peregrino". Pois bem, fui atrás de tal obra e descobri que em apenas dois trechos ele menciona a crucificação e ambos são bem diferentes desse relato:


“10. “Parece-me bem deixar de lado estas e outras [façanhas] do mesmo género, pois nesse tempo ele era uma massa de argila por moldar, e ainda não nos tinha sido criada esta ‘estátua’ perfeita. Todavia, o que ele fez a seu pai é muitíssimo digno de ser escutado, embora todos vós saibais e tenhais ouvido dizer como ele estrangulou o velhote, por não suportar que ele continuasse a envelhecer depois dos sessenta anos. Então, como o caso se tivesse espalhado, condenou-se a si próprio ao exílio e passou a errar de terra em terra.”

11. “Foi por essa época que ele aprendeu a fundo a maravilhosa doutrina dos Cristãos, associando-se, na Palestina, aos seus sacerdotes e escribas. Que mais dizer? Em breve fê-los parecer uns meninos, tornando-se, numa só pessoa, profeta, tiasarca, dirigente de sinagoga e tudo o mais; e quanto aos livros [sagrados], interpretava e explicada uns, e ele próprio escrevia outros; e eles veneravam-no como um deus, recorriam a ele como legislador e intitulavam-no seu protector, juntamente com aquele que ainda hoje veneram, ou seja, o homem que foi crucificado na Palestina, por ter introduzido esta seita no mundo.””



“"Além disso, até das cidades da Ásia vinham pessoas, por delegação dos Cristãos e a expensas dessas comunidades, a fim de apoiarem, defenderem e consolarem o homem. As pessoas revelam uma incrível prontidão, logo que algum acontecimento deste género se torna público. Em pouco tempo, gastam o que têm e o que não têm. Foi assim que afluiu às mãos de Peregrino muito dinheiro vindo dessas pessoas, a pretexto da sua prisão, pelo que amealhou uma fortuna nada módica. Na verdade, estes desgraçados estão convictos de que serão absolutamente imortais e viverão para todo o sempre, e por isso desprezam a morte, e muitos até se lhe entregam voluntariamente. Além disso, o seu primeiro legislador persuadiu-os de que passariam todos a ser irmãos uns dos outros, logo que, tendo mudado de religião, renegassem os deuses gregos e passassem a adorar o célebre sofista [que foi] crucificado. E vivem segundo a lei deste. Por isso, desprezam por igual todos os bens e consideram-nos comuns, prática que receberam por tradição, sem exigirem qualquer garantia séria. Portanto, se lhes aparece algum charlatão ou vigarista capaz de se aproveitar da situação, fica imediatamente riquíssimo e a troçar de pessoas tão ingénuas.”"


Antes de ver o que esse trecho pode nos oferecer é importante contextualiza-lo. No texto em questão, Luciano escreve para um homem chamado Crónio e zombava de um peregrino chamado Proteu que cometeu suicídio se jogando em uma pira de fogo durante a Olimpiada grega. Luciano relatou o ocorrido primeiramente falando de um homem chamado Tagenes. Este estava enaltecendo Proteu pela bravura de se jogar no fogo. Após Teagenes acabar de falar outro homem sobe a tribuna e começa a debochar de Proteu, descrevendo-o como estuprador de um rapazinho na Ásia menor(da qual só se safou da condenação por ter pago uma grande quantia a família do rapaz), de ser adúltero e de ter matado seu pai estrangulado. Segundo o homem, após todos esses atos Proteu se exilou e passou por vários países, sendo um deles a Palestina onde conheceu a doutrina dos cristãos. Lá ele se associou com escribas e passou a ensinar a palavra e ser visto como espécie de profeta de grande prestígio e nesse momento vem a dita cuja frase, pois ele compara esse prestígio ao prestígio do próprio Jesus que foi pregado por introduzir essa, palavra dele, seita no mundo. Graças a esse fato ele foi preso pelas autoridades locais e isso causou grande comoção na população que vinham de todas as partes consola-lo e lhe davam pertences. Assim ele acumulou riquezas e foi solto depois pelo governador da Síria.


Assim na primeira parte o que vemos é que ele está descrevendo que Proteu uma vez na região da Palestina se envolveu com cristãos, que já acreditavam em Jesus, e ganhou status a ponto de ser comparado a ele. Esse trecho não prova muita coisa. Primeiro que no contexto histórico da época o cristianismo já vinha ganhando certa força, estamos falando do século II, um século mais tarde o cristianismo já se tornaria a religião oficial do Império. Já era de conhecimento de muita gente a história de um homem chamado Jesus que foi crucificado e da existência de seus seguidores. Luciano parece apenas citar o homem crucificado para servir de comparação ao alto status que Proteu conseguiu naquele meio, sem demonstrar se acredita ou não que Jesus realmente tenha existido ou não.


O mesmo para o segundo relato. Nesse fica claro que se ele não refletiu muito sobre a existência ou não do Jesus histórico, ele não fez o mesmo sobre o Jesus místico e deixa bem claro sua opinião sobre isso ao chamar Jesus de um célebre sofista. Nada anormal para alguém que seguia outra religião desdenhar do deus de outros povos.


Após ficar claro a deturpação do texto pelos cristãos vamos agora fazer um exercício mental sobre essa passagem cogitando a possibilidade de Jesus nunca ter existido. Vamos considerar que a teoria que diz que na verdade eram várias pessoas que tiveram muita influência e com o tempo elas foram personificadas como uma pessoa só. Ok, de algum modo isso ocorreu e a partir daquele momento o mito de que Jesus existiu e foi crucificado existia e estava bem difundido na região. A implicação disso é que essa história já chegou assim nos ouvidos dos romanos e quando eles fossem se referir aos cristãos eles repetiriam essa história mesmo que ela não fosse verdadeira. E isso pode ter ocorrido nesses relatos de Luciano. Ao se referir aos cristãos ele simplesmente repetiu o que já era de conhecimento público sobre eles e não necessariamente refletiu sobre a possibilidade dessa história ser verdade ou não, assim o relato dele não serve pra muita coisa.


Não estou dizendo que Jesus não existiu, como eu já disse sei que a maioria dos historiadores reconhecem que de fato ele foi uma pessoa real. Só o que estou dizendo é que esse relato em si não prova quase nada. No máximo provaria a crucificação dele e com várias ressalvas. O Jesus místico não só não é provado por ele como é desmentido.


8- Celso


Sim, esse é o Celso que foi duramente atacado por Orígenes lá no ponto sobre Paulo Josefo. Como vimos Celso era um filósofo aristotélico e que escreveu um livro criticando tanto os judeus quanto cristãos. Ninguém sabe ao certo o que Celso escreveu, seus escritos originais foram perdidos. Mas pelo tom que Orígenes escreveu em "Contra Celsum" sabemos que provavelmente foram duras críticas e não um ou outro pequeno questionamento. Pois bem, em um primeiro momento fica a dúvida em que alguém que ficou marcado por criticar duramente os cristãos poderia contribuir em provar o Jesus histórico ou o místico. Os cristãos alegam que mesmo ele fazendo duras críticas aos cristãos ele nunca negou o Jesus histórico e isso seria uma prova que Jesus foi um personagem histórico real. Como eu disse os escritos originais de Celso se perderam, então não dá pra saber ao certo se ele de fato não duvidou da existência de Jesus como pessoa real. No entanto com o pouco que se sabe sobre Celso através de Orígenes, ele realmente não parece questionar o Jesus histórico. Tanto que em várias partes transcritas por Orígenes ele diz coisas como:


" Este homem (Se referindo a Jesus), há bem poucos anos, começou este ensinamento, e os cristãos acreditaram que ele era o Filho de Deus "


Ou então:


"...Apresenta então um judeu em diálogo com o próprio Jesus, com a pretensão de convencê-lo de várias coisas, e a primeira, de ter inventado seu nascimento de uma virgem. A seguir, censura-o por ter nascido numa cidadezinha da Judeia, e nascido de uma mulher do interior, pobre fiandeira. Ele afirma: Convencida de adultério, foi expulsa por seu marido, carpinteiro de sua categoria social. Ele diz em seguida que, rejeitada por seu marido, vergonhosamente vagabunda, deu à luz Jesus ocultamente; que este foi obrigado, por pobreza, a prestar seus serviços no Egito; neste país adquiriu experiência de certos poderes mágicos de que se gabam os egípcios; voltou daí muito orgulhoso desses poderes, e graças a eles, proclamou-se Deus."


Assim podemos entender o relato de Celso como no máximo uma boa prova d jesus histórico e não do místico.


9- Mara bar Serapion


" Que vantagem os atenienses ganharam ao condenar Sócrates à morte? A fome e a praga veio sobre eles como um julgamento por seus crimes. Que vantagem que os homens de Samos ganharam com a queima de Pitágoras? Em um momento a sua terra estava coberta de areia. Que vantagem que os judeus ganhar com a execução de seu sábio rei? Foi apenas depois disso que seu reino foi abolido. Deus vingou justamente esses três homens sábios: os atenienses morreram de fome, o povo de Samos ficou impressionado com o mar, os judeus, arruinados e expulsos de suas terras, vivem em completa dispersão. Mas Sócrates não morreu para o bem, ele viveu no ensino de Platão. Pitágoras não morreu para o bem, ele sobrevive na Estátua de Hera. Nem o sábio rei morreu para o bem, ele viveu no ensino que ele tinha dado "


Além de ter uma série de erros como dizer que Pitágoras morreu queimado quando não há nenhuma evidência disso e muito menos de Samos ter sido coberta por mar, o que esse relato no máximo prova é a existência de Jesus.


10- Talmude


Essa fonte é sem dúvidas a pior de todas par provar alguma coisa de Jesus. Basta apenas ler e vemos que ela não prova nem o Jesus místico e nem o histórico.


"Na véspera da Páscoa Yeshu (Jesus) foi enforcado. 40 dias antes da execução ocorrer, um arauto saiu e gritou: "Ele está saindo para ser apedrejado, porque ele praticou bruxaria e seduziu Israel à apostasia. Qualquer um de vocês que pode dizer algo em seu favor, venha para a frente e pleiteie em seu nome." Mas uma vez que nada foi trazido em seu favor, ele [Yeshu] foi enforcado na véspera da Páscoa! – Ulla retrucou: Você acha que ele era aquele para quem a defesa poderia ser feito? Não era ele um "Mesith" [aliciador], a respeito dele diz a Escritura, embora nada te poupará, nem terás escondê-lo?  Com Yeshu no entanto, foi diferente, pois ele estava ligado com o governo para a realeza. Nossos rabinos ensinaram: Yeshu tinha cinco discípulos, Matthai, Nakai, Avnei, Buni e Todah."


Não é preciso nem comentar nada. Não tem nada a ver com a história original que ele foi crucificado e tinha 12 discípulos. As diferenças são tantas que não sei como alguém que leu tal relato consegue enxerga alguma referência a Jesus ali.


Resumo da ópera: Dos 10 relatos, metade comprova só o Jesus histórico, o resto não comprova nada e apenas um se dispõe a tentar provar o jesus místico, mas esse foi comprovadamente falsificado. Ou seja tais relatos não provam porque o deus cristão seria o verdadeiro.


Por fim existem outros 7 pontos que são puramente análises dos cristãos da Bíblia que supostamente comprovam a veracidade dos textos. São eles:


1) Os autores do Novo Testamento incluíram detalhes embaraçosos sobre si mesmos;


É bem fácil responder esse questionamento. Para uma religião que quer mostrar como o homem é fraco, pecador e precisa de deus nada melhor do que mostrar as falhas dos próprios apóstolos para que sirva de certa inspiração para as pessoas. E é exatamente assim que é feito hoje em dia, já cansei de ver analogias com a fraqueza de Pedro e de como Jesus perdoa apesar das falhas.


2) Os autores do Novo Testamento incluíram detalhes embaraçosos e dizeres difíceis de Jesus;


A pergunta é: Porque incluir eventos embaraçosos na narrativa torna ela mais crível do que se não tivesse? Na história do homem aranha por exemplo, é mostrado seu passado como nerd fraco e não muito popular até o momento que ele ganha seus poderes e se torna um super herói, ela passa a ser mais crível por causa disso? A história do Super Man mostra ele com momentos de fraqueza até mesmo depois de se consolidar como grande herói, ela passa a ser mais verdadeira por isso? A impressão que dá é que seja lá quem formulou esse argumento nunca deve ter ouvido falar da narrativa jornada do herói, que se baseia justamente em um personagem fraco, cheio de detalhes embaraçosos em sua vida mas que aos poucos vai evoluindo ao longo da história. Esse ponto é totalmente irrelevante. Existem sim maneiras de provar que um texto é verdadeiro apenas o analisando e analisando o contexto que ele foi escrito, mas sem dúvidas essa não é uma delas.


3) Os autores do Novo Testamento incluíram as exigências de Jesus;


Nesse ponto cristãos argumentam coisas como "Jesus proibiu acumular riquezas e adultério, isso vai contra os desejos das pessoas. Acha que se alguém fosse inventar essa parte ia colocar como lei algo que vai contra desejos primordiais dos seres humanos?"


Minha resposta é muito simples: acho. Na verdade, tenho certeza. Isso porque existem vários desejos das pessoas que vão muito além de sexo ou riquezas. Uma das coisas que desejamos por exemplo é uma sociedade pacífica para não corrermos o risco de sermos mortos a todo momento, por isso criamos leis que impedem assassinatos. Queremos também ter a certeza que ao investirmos nossas energias em um empreendimento, que teremos o resultado que desejamos desse para assim garantir nossa sobrevivência, daí as leis anti roubo. Mas claro que temos desejos mais primitivos também, como querer passar nossa genética a frente, algo fruto da evolução. Quer ameaça maior a isso do que a possibilidade de sua parceira ter um caso com outro e com isso você poder estar investindo energias para cuidar da prole de outro cara e não a sua? Graças a isso e aliando ao conhecimento que investir em filhos requer muitos recursos, surge então a ideia que o adultério seria errado pois é de interesse de todos passar sua genética a frente e não é interesse de todos a possibilidade de criar os filhos de outros. É claro que as relações humanas ao longo da história são movidas pela hipocrisia de desejar externamente a sociedade agindo de um jeito que beneficie todos mas agir na prática de modo que lhe dê alguma vantagem sobre os demais, mesmo que isso implique burlar uma dessas regras. Isso também pode ser explicado tanto pela evolução quanto pela economia, vide a tragédia dos bens comuns.


O mesmo vale para a ideia de não acumular riquezas, não se apegar a bens materiais e outras regras cristãs nesse sentido. Por um lado temos uma multidão de pobres, que era a grande parte do público de Jesus, interessados em receber recursos dos mais ricos para assim se beneficiarem deles. Por outro cada um ali tinha seus próprios bens, por mais que não fossem tantos, e pessoas que tinham menos que eles. Pergunte a eles se eles concordariam em doar parte do que tinham aos mais pobres que eles? Mas a regra geral estaria lá, para ser cobrada dos mais afortunados quando fosse conveniente. Então respondendo a pergunta: Sim, provavelmente quem fosse escrever as leis de uma religião ia se basear em leis que limitam desejos individuais desde que esse fosse de interesse comum.


Outra crítica que podemos fazer é até que ponto esses trechos mostram de fato algo a ser seguido ou se na prática não valem nada. Explico, vamos pegar o trecho que os cristãos referem como algo que vai contra os interesses humanos: o de não acumular riquezas. Se alguém chegar e disser a um cristão que já que é uma exigência de Jesus não acumular riquezas, porque ele não deixa de acumular e dá o que tem aos pobres a resposta dele provavelmente será relativizar e mostrar outra passagem, como a que Jesus tinha túnica cara, ele não mandou Zaqueu doar a outra metade do que tinha e outras que supostamente provariam que Jesus não é contra acumular riqueza, apenas o grande apego a ela (isso tudo sem mostrar como ele não seria um super apegado a riquezas). Aqui é bom ressaltar que o problema nesse caso não está na gritante hipocrisia mas sim em querer basear uma prova em um versículo que pode ter várias interpretações, pode ser anulado por outras passagens ou que não quer dizer exatamente aquilo. A partir disso podemos concluir que não houve exigência contra os interesses de quem escreveu em momento algum. E assim se segue a Bíblia quase inteira, sempre tem um versículo que se encaixa ao que o leitor quer ouvir em determinado momento. O mesmo vale para as outras supostas exigências contrárias a interesses humanos.


4) Os autores do Novo Testamento incluíram fatos relacionados à ressurreição de Jesus que eles não poderiam ter inventado;

E quais seriam esse elementos? Apenas dois, que é o sepultamento de Jesus ter ocorrido por José de Arimatéia, um membro do Sinédrio, ou seja o conselho que condenou Jesus a morte e o fato que as testemunhas a afirmarem isso foram mulheres, e como mulheres não tinham voz ativa na sociedade na época isso só poderia mostrar que a ressurreição seria real, pois se eles quisessem inventar uma história inventariam que homens viram Jesus ressuscitar e não as mulheres.


Sobre o José de Arimatea, não sei qual o problema do relato dele sendo membro do conselho. O próprio relato bíblico diz que ele era um seguidor de Jesus:


“Depois disto, José de Arimatéia (o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus.”

João 19:38


Em outro trecho:


“E, vinda já a tarde, chegou um homem rico, de Arimatéia, por nome José, que também era discípulo de Jesus.”

Mateus 27:57


Ou seja nada mais normal que um discípulo de Jesus ajudar a dar um enterro digno ao homem que ele seguia. Pra piorar ainda em outro versículo é dito que José de Arimatéia foi contra tudo que fizeram com Jesus:


“E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo, que não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, de Arimatéia, cidade dos judeus, e que também esperava o reino de Deus”

Lucas 23:50,51


Porque os discípulos dele se irritariam com ele ajudando a sepultar Jesus se ele foi contra os maus tratos a ele e ainda era discípulo de Jesus?


Sobre a parte da mulheres também não há nenhum absurdo. O trecho diz que primeiro Jesus aparece para elas e elas contaram aos apóstolos sobre a ressurreição, mas como é de se esperar ninguém acreditou. Ou seja o testemunho de uma mulher continuou não valendo. Veja você mesmo:


“E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando. E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.”

Marcos 16 9-11


Depois Jesus aparece a dois apóstolos e esses fazem o mesmo que Maria mas ,como é de se esperar caso alguém saia por aí dizendo que um morto ressuscitou, ninguém acreditou:


" E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram.”

Marcos 16 12:13


Só depois dele aparecer para os apóstolos, homens, e esses anunciarem é que o testemunho foi aceito:


“Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.”

Marcos 16: 14


Ou seja até aí nada anormal. Outro problema é que os evangelhos não foram escritos por testemunhas oculares, na verdade eles foram escritos entre os anos 80 e 140 após a morte de Jesus. Sim, pouca gente lembra desse detalhe mas os evangelhos não foram escritos por testemunhas oculares e nem por pessoas que conheciam eles. Os próprios evangelhos não afirmam ter sido escritos pelos apóstolos ou por testemunhas oculares, tanto que eles recebem o título “Evangelho SEGUNDO São Marcos” , “Evangelho SEGUNDO São Mateus” etc.. mas eles são todos anônimos. E nem os títulos estavam nos textos originais, eles foram adicionados depois. Na verdade a primeira vez que alguém se refere a Marcos, Mateus, Lucas e João por nome é Irineu no ano 180, 100 anos depois que esses livros foram escritos. Algumas pessoas acham que existiu um bispo da Igreja primitiva chamado Papias que atestou o testemunho de Marcos e Mateus, mas na verdade há evidências muito sólidas de que Papias que viveu nos anos de 120 a 140 não está se referindo ao nosso Marcos ou ao nosso Mateus.


Outro problema dos evangelhos é que mesmo que tivéssemos garantias que eles foram escritos pelos apóstolos ou testemunhas oculares, coisa que não temos, nada garante que eles seriam precisos. Além da possibilidade dos autores estarem mentindo vários estudos demonstram que mesmo que eles estivessem na maior boa-fé possível, nossa mente sabe mentir para nós mesmos como ninguém, nossos sentidos por vezes nos enganam. Por isso em julgamentos é necessário sempre mais de uma testemunha para confrontarmos os relatos e ver se eles batem ou se as pessoas não estão mentindo ou se enganando. As testemunhas nem sempre entendem toda informação corretamente.


Alguns outros problemas com os relatos é que além dos autores dos evangelhos viveram 40,50,60 anos depois que Jesus morreu eles escreveram em grego e Jesus falava aramaico. Esses autores conseguiram essas informações ouvindo histórias que circulavam ano após ano, e qualquer um que já brincou de telefone sem fio sabe o que acontece quando uma afirmação é passada oralmente. Parte dela se perde, alguns trechos são aumentados, outros modificados, outros totalmente alterados e a mensagem original com o que chegou no outro extremo da fila são totalmente diferentes. Imagina isso ocorrendo por centenas de anos e com o agravante de ser línguas diferentes! Isso talvez explique a discrepância dos relato dos evangelhos.


O próprio trecho de Jesus ressuscitando tem uma série de contradições entre si nos 4 Evangelhos. É narrado em Mateus que apenas Maria Madalena e outra Maria foram ao sepulcro, um anjo desceu e causou grande terremoto, nada sobre Jesus aparecer para homens no campo, é dito que havia soldados por perto que ficaram com medo e nada da conversa entre Maria e os apóstolos mas aparentemente eles devem ter acreditado nelas porque já encontraram Jesus na Galileia, no monte que foi designado.


Já o Evangelho de Lucas narra que além das duas Marias uma outra mulher chamada Joana foram ver o sepulcro, não fala nada de terremoto, nem de guardas, fala que eram dois anjos e não apenas um e além de mostrar o diálogo e que os apóstolos não acreditaram nelas ele mostra Pedro indo ao túmulo e o encontrando vazio, algo que não é comentado em nenhum outro evangelho e eles não encontram Jesus na Galileia e sim no caminho de uma aldeia chamada Emaús, e eram apenas 2 dos apóstolos e depois Jesus apareceu aos onze em Jerusalém e não na Galileia.


O evangelho de João narra que apenas Maria Madalena foi ao sepulcro e viu a pedra removida, não fala nada de anjo algum nesse momento, diz que ela foi apenas a Pedro e não aos apóstolos todos contar o ocorrido, diz que dois discípulos (Pedro e mais um) foram ao sepulcro e não viram o corpo de Jesus e foram embora, depois relata que Maria estava chorando no lado de fora do Sepulcro e só então aparece o anjo e depois Jesus a ela, só então ela vai contar aos apóstolos da ressurreição, Jesus é quem vai ao encontro deles, não menciona em qual cidade, e somente nesse evangelho é mencionado que Tomé não estava entre eles e só acreditaria vendo.


O evangelho de Marcos narra que foram ao sepulcro as duas Marias e Salomé, cita não anjo mas um jovem e dentro do sepulcro, diz que depois ele apareceu a dois discípulos que iam ao campo, não fala nada de terremotos e depois aparece a todos os discípulos juntos.


Ou seja são discrepâncias demais para levar eles como prova de alguma coisa. Eu até entendo que a percepção do meio de cada indivíduo são diferentes, e caso várias pessoas fossem narrar um mesmo ocorrido os relatos seriam diferentes. Alguns narrariam com mais detalhes, outros com menos, alguns iam deixar passar alguma coisa, outros nada, outros iam dar muita ênfase em alguma coisa que ninguém mais percebeu, mas não parece ser o caso dos evangelhos. Eles tem várias contradições graves não apenas diferenças de relatos de ponto de vista diferentes. A propósito se você achou esses evangelho discrepantes é porque não conhece o relato do evangelho apócrifo de Pedro:


“38 À vista disto, os soldados foram acordar o centurião e os anciãos, pois também estes estavam de guarda.39 E enquanto lhes contavam tudo o que tinham presenciado, viram também sair três homens do sepulcro: dois deles amparavam o terceiro e eram seguidos por uma cruz. 40 A cabeça dos dois homens atingia o céu, enquanto a daquele que conduziam pela mão ultrapassava os céus. 41 Ouviram do céu uma voz que dizia: “Pregaste aos que dormem?”42 E da cruz se ouviu a resposta: “Sim””


Por razões óbvias esse texto não foi aceito como canônico. Pra finalizar essa parte de vez, é verdade que os depoimentos de mulheres não eram bem aceitos na época. Mas o fato de Jesus ter aparecido primeiramente para mulheres só seria relevante do ponto de vista histórico e essa fosse a única aparição de Jesus, pois aí seria muito estranho que os judeus aceitassem que Jesus ressuscitou dos mortos apenas com esse depoimento. Mas é dito que ele fez várias outras aparições a várias outras pessoas, então não tem nada de estranho ali.


5) Os autores do Novo Testamento incluíram em seus textos, pelo menos, 30 pessoas historicamente confirmadas;


Como vimos os evangelhos não foram escritos na época de Jesus, eles foram escritos bem depois, quando não só Jesus já tinha morrido como as pessoas reais citadas pelos autores também. Assim eles poderiam citar fatos sobre quem eles quisessem eu essas pessoas não iam reclamar porque já estavam mortas. Mas mesmo desconsiderando isso também não quer dizer nada. Até porque como já foi dito Jesus provavelmente foi uma pessoa real, assim ele interagiu com pessoas reais e relatou coisas do mundo real que eles viviam. O que falta provar é o Jesus místico, esse ponto não prova isso.


6) Os autores do Novo Testamento desafiam seus leitores a conferir os fatos verificáveis, até mesmo sobre milagres;


Que bom, porque ao longo da história muitos estudiosos conferiram e encontraram uma série de erros nos evangelhos. Alguns deles já mostrados no ponto anterior. Cristãos também citam Paulo falando que a ressurreição de Cristo teve 500 testemunhas oculares e isso seria prova de veracidade. Acontece que entre dizer que algo teve muitas testemunhas oculares e apresentar essas, existe uma diferença enorme. Além do mais a região que Jesus viveu a essa altura já estava dominada por cristãos, isso significa que se alguém fosse lá conferir e perguntasse alguém aleatório se ele viu Jesus ressuscitado é bem grande a possibilidade que alguém dissesse que sim mas não porque de fato viu Jesus ressuscitar, mas porque essa era uma crença já difundida na região, isso se chama influência social. Por esse mesmo motivo pessoas afirmam ter visto o Slenderman, óvnis, monstro do Lago Ness, curupira e vários seres fictícios.

Isso explicaria também porque pessoas podem ter acreditado que ele fez milagres entre eles e explicaria porque Paulo em 2º Coríntios 12, 12 relembra a eles de um milagre que ele fez e cristãos tentam usar isso como argumento que ele realmente teria feito milagres. Na verdade ele não fez algum, apenas as pessoas acreditaram que ele fez e ele as relembrou disso. Se por algum acaso isso parecer muito absurdo pra você é só lembrar de pessoas que acreditam nas mais fajutas encenações de igrejas evangélicas. Se as pessoas acreditam naquilo porque não poderiam acreditar em algum “milagre” de Paulo? Na Índia pessoas acreditam no poder do terceiro olho e até pouco tempo atrás existia um homem chamado Sathya Sai Baba indiano hindu, conhecido por fazer milagres e que atraía milhões de seguidores espalhados pelo mundo. Isso prova que o hinduísmo é a religião certa e ele de fato um profeta?


7) Os autores do Novo Testamento abandonaram suas crenças e práticas sagradas de longa data, adotaram novas crenças e práticas não negaram seu testemunho sob perseguição ou ameaça de morte;


Esse é um dos piores argumentos porque mudanças culturais acontecem naturalmente e pessoas perseguidas pela sua fé e que se negaram a deixar de acreditar nela é o que mais temos na história. Desde bruxas perseguidas pelos próprios cristãos, tribos indígenas que embora tenham sido perseguidas ao longo da história mantem suas tradições até hoje, judeus pelos próprios cristãos na idade média, e por aí vai.


No mais tal como existem apologistas cristãos fazendo todo esse malabarismo para tentar provar que a religião dele é a verdadeira também o existem de praticamente todas outras religiões. Os muçulmanos por exemplo tem Zakir Naik e Laurence Brown, ambos são uma versão muçulmana de caras como Willian Lane Craig. Como saber quem está certo?


Conclusão: Não há nenhum motivo real para aceitar o deus cristão como verdadeiro e os outros como falsos (o contrário também acontece). Aparentemente não há nenhum motivo que nos leve a descartar de cara os deuses politeístas, e mesmo que consideremos só os deuses de religiões monoteístas como candidatos ao deus verdadeiro existe uma infinidade de deuses monoteístas e que também atendem aos critérios de ser atemporal, imaterial, transcendental, etc... Por fim não há nenhuma evidência que prove o Jesus místico, no máximo o histórico. Assim acreditar no deus cristão é pura questão de escolha. Não há nenhuma evidência nem que exista um deus e se existe nem que seja um específico como o cristão

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